Entenda como funciona a contratação PJ para médicos e como um contrato bem estruturado protege sua atuação.
A contratação de médicos como pessoa jurídica (PJ), diferente do antigo modelo predominante de carteira assinada (CLT), tornou-se cada vez mais comum no Brasil, especialmente em hospitais, clínicas e operadoras de saúde.
Essa modalidade costuma atrair profissionais pela possibilidade de maior remuneração líquida e flexibilidade de agenda, mas também exige atenção a detalhes legais e contábeis, principalmente quando falamos do contrato de prestação de serviços, que é a base de segurança para ambas as partes.
Se antes, no modelo CLT, o médico contava com toda a estrutura dos direitos trabalhistas a seu favor, hoje, na contratação PJ, é justamente o contrato que rege a relação com o hospital ou clínica. Assim, o documento passa a ser o instrumento central para garantir direitos, responsabilidades e condições claras de trabalho.
O QUE SIGNIFICA SER PJ?
Nesse modelo, o médico abre uma empresa em seu nome, com CNPJ ativo e regular, e presta serviços por meio dela. Os pagamentos são feitos mediante emissão de nota fiscal, e a relação se dá entre empresas, sem vínculo de emprego regido pela CLT.
Vale lembrar que quando falamos em “PJ médica” é o mesmo que dizer clínica própria, empresa independente ou CNPJ. No fim das contas, estamos falando da sua empresa médica em formato exclusivo e autônomo.
E como já falamos aqui, não é preciso esperar terminar a formação para começar a planejar essa parte da carreira. Pelo contrário: organizar-se desde cedo, com apoio especializado, é a forma mais segura de garantir que a sua empresa cresça sem dores de cabeça contábeis ou jurídicas.
Uma das principais vantagens é a autonomia. O médico PJ pode atuar em diferentes instituições, negociar diretamente suas condições de trabalho e definir como será sua atuação profissional. Por outro lado, é preciso se organizar: abrir e manter uma PJ implica lidar com obrigações fiscais e previdenciárias, além de cuidar de documentos que garantam que o contrato não seja questionado futuramente.
PJ x CLT: principais diferenças
Antes de optar pela contratação PJ, vale entender as diferenças em relação ao regime CLT.
- Benefícios e direitos: no modelo CLT, o médico tem direitos trabalhistas como férias remuneradas, 13º salário, FGTS, aviso prévio e estabilidade em alguns casos. Como PJ, esses direitos não existem; períodos de descanso ou bônus devem ser negociados e constar no contrato.
- Tributação: na CLT, os impostos e contribuições são recolhidos automaticamente pelo empregador. No PJ, a carga tributária pode ser menor, mas o médico deve cuidar de todos os pagamentos: ISS, INSS como contribuinte individual e tributos da pessoa jurídica.
- Autonomia e flexibilidade: no regime PJ, há liberdade para ter mais de um contrato, ajustar a própria agenda e buscar oportunidades em diferentes locais, o que pode aumentar o faturamento. Sob a CLT, geralmente há jornada fixa e exclusividade.
- Risco de “falsa pejotização”: se a instituição exigir cumprimento de horário rígido e subordinação direta, o contrato pode ser interpretado como vínculo empregatício. Isso traz riscos jurídicos para ambas as partes e deve ser evitado com cláusulas claras.
Essas diferenças mostram que ser PJ pode ser financeiramente vantajoso, mas requer organização e atenção aos detalhes. Não existe modelo “melhor” universalmente: é preciso avaliar caso a caso.
Vale dizer que, ao optar por abrir uma PJ médica, contar com uma contabilidade especializada faz toda a diferença para o profissional que agora se tornará um empreendedor. Isso porque, quando o médico começa a ter atribuições empresariais, parceiros estratégicos na área contábil e jurídica fazem toda a diferença na segurança fiscal dessa gestão, além de garantir a economia e idoneidade com o pagamento correto dos tributos.
O contrato é o ponto-chave da segurança jurídica
O contrato de prestação de serviços formaliza a relação entre a empresa do médico e o contratante. Mesmo quando o hospital ou clínica fornece um modelo padrão, vale analisar cada item e negociar quando necessário. Para reduzir riscos, é importante conhecer boas práticas de proteção jurídica, como destacamos anteriormente no blog, no artigo Proteção Jurídica para Médicos, garantindo que cláusulas abusivas ou omissões não coloquem sua carreira em risco. Alguns pontos básicos são:
- Descrição dos serviços e remuneração: quais atividades serão realizadas, valores e forma de pagamento.
- Prazo e rescisão: vigência, regras para término e aviso prévio.
- Autonomia profissional: deixar claro que não há subordinação ou jornada imposta, para evitar risco de “pejotização”.
- Obrigações e confidencialidade: responsabilidades de cada parte, sigilo profissional e proteção de dados de pacientes.
- Resolução de conflitos: defina qual será o foro ou método de solução de eventuais divergências (mediação, arbitragem etc.).
Organize-se: além do contrato, é fundamental planejar a vida financeira como PJ. Manter um caixa de reserva ajuda a lidar com eventualidades, e a contribuição ao INSS como segurado individual garante acesso a benefícios previdenciários como licença-maternidade, auxílio-doença, pensão por morte, aposentadoria por idade e salário-família. Para médicas, por exemplo, já mostramos no blog como o planejamento garante o direito à licença-maternidade para PJ.
Cuidados finais
Antes de assinar, revise o contrato com apoio jurídico ou contábil, evite cláusulas abusivas (como exclusividade sem contrapartida) e mantenha sua PJ regularizada: inscrição no CRM, alvarás e emissão de notas fiscais. Também vale planejar o pagamento do INSS e considerar um seguro de responsabilidade civil.
Revisar alguns pontos antes de assinar garante que o contrato seja justo, equilibrado e que a sua atuação como PJ esteja protegida:
- Exclusividade sem contrapartida financeira: impede que você atue em outros locais sem oferecer benefício ou compensação adequada;
- Multas desproporcionais;
- Cláusulas genéricas ou vagas: termos como “responsabilidade total do médico” sem detalhar limites ou condições podem gerar conflitos;
- Falta de previsão de reajuste: sem regras claras, o valor dos honorários pode ficar defasado;
- Obrigações unilaterais;
- Cobertura de despesas indefinidas: sem definir quais custos ficam por conta de cada parte, podem surgir cobranças inesperadas;
- Subordinação ou imposição de horários: pode caracterizar “falsa pejotização”;
- Ausência de cláusula sobre confidencialidade e sigilo: sem proteção formal, pode haver problemas legais relacionados a dados de pacientes;
- Falta de previsão de resolução de conflitos: sem definir foro ou métodos (mediação, arbitragem), divergências podem se arrastar judicialmente.
CONCLUSÃO
A contratação PJ pode trazer vantagens financeiras e de autonomia, mas exige planejamento e uma boa estrutura jurídica e contábil. Na SMR, apoiamos médicos em todas as etapas: desde a abertura e regularização da PJ até a emissão de notas fiscais e gestão tributária. Com orientação especializada, você ganha segurança para focar no que realmente importa. Nosso time conta com advogados especialistas em contratos e contadores preparados para auxiliar médicos PJ em todas as etapas. Fale com a gente!

